Constantemente, me deparo com reclamações por causa de alguma generalização feita por alguém. O protesto sempre se dá no mesmo sentido: a de que a generalização é injusta, pois nem todas as pessoas se encaixam na descrição proposta. Por exemplo, alguém diz que os políticos estão sempre buscando seus interesses e logo vem outra pessoa dizendo que ele não pode generalizar, pois há políticos que não são assim.
Sinceramente, essa reclamação é muito estúpida! Isso porque uma generalização, quando usada como recurso linguístico, não pretende, realmente, afirmar que todas os representantes de um grupo, espécie ou classe são mesmo de tal e qual maneira, mas, apenas, toma o exemplo comum, observado de um certo número de indivíduos, e, por amostragem, afirma isso do geral.
Ocorre que essa operação intelectual é apenas um recurso para facilitar a linguagem e a comunicação. A generalização já pressupõe que há exceções. No entanto, estas confirmam a percepção que deu origem a própria generalização, pois se existem exceções é porque, em geral, as coisas são mesmo como o argumentador propôs.
O pior é que a própria pessoa que reclama acaba confirmando a tese, quando diz que não pode haver generalização, pois há exceções e nem todos são daquele jeito. Ora, o que ela não percebe é que se nem todos são de tal maneira é porque provavelmente a grande parte é, o que justifica a generalização. Ao reclamar da generalização acaba confirmando o que o autor propôs.
Generalizar, diferente do que pressupõe algumas pessoas, é um artifício inteligente, que facilita a linguagem, que permite a comunicação e que evita que o autor tenha que o tempo todo ter de informar que há exceções para o tipo descrito por ele. Aliás, sempre há exceções, o que deveria ser óbvio para todo mundo.